25 de novembro de 2014

Entrevista: Carlos Eduardo Lessa Brandão

Na entrevista deste mês, quem fala ao blog do Transamerica Expo Center é o conselheiro de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e um dos maiores profissionais do setor no país, Carlos Eduardo de Lessa Brandão.

Graduado em Engenharia Civil, Carlos Lessa é mestre em planejamento energético e doutor em História e Filosofia da Ciência pela UFRJ, com MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC e ADP pela London Business School.

No bate-papo, o consultor em governança e sustentabilidade explica a importância de olhar carinhosamente para as questões de responsabilidade social e ensina como cada profissional pode fazer a sua parte para melhorar o mundo. Confira.


O que engloba o conceito de governança corporativa? Qual é o seu principal objetivo – no âmbito empresarial e social – e o seu impacto no universo dos negócios?

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), principal referência no tema no Brasil, governança corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo as práticas e os relacionamentos entre proprietários do capital, o conselho de administração, a diretoria e os órgãos de controle. O objetivo é alinhar interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua longevidade. A adoção das boas práticas de governança aumenta as chances de sucesso dos negócios e diminuem as de fracasso.

 

Existe um modelo de governança ideal? Quais características constroem uma “boa” estrutura de governança corporativa?

Governança é um meio, não um fim. Cada organização tem suas peculiaridades, que mudam ao longo do tempo, o que pode demandar ajustes na estrutura, nas pessoas e nos processos envolvidos na sua governança.

No caso das empresas, em geral os sócios devem formalizar seus entendimentos por meio de um acordo, a empresa deve contar com um órgão colegiado para definir a estratégia, monitorar a execução pela diretoria e contar com uma auditoria externa independente das demonstrações contábeis. Publicar um relatório anual com informações financeiras (contábeis) e não-financeiras (de sustentabilidade) é uma excelente prática. Como referência, sugiro consultar o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC.

 

Qual é a importância da responsabilidade corporativa dentro da estrutura de governança corporativa?

Trata-se de um princípio básico de governança corporativa, que deveria permear as atividades da empresa. O IBGC identificou quatro princípios básicos para orientar as práticas de governança corporativa: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.

Com relação à responsabilidade corporativa, os sócios e os administradores da organização devem zelar pela sustentabilidade das organizações, visando a sua longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações.

Governança corporativa, sustentabilidade empresarial e responsabilidade social são temas atuais de muita importância para a sociedade brasileira. A partir de que momento o mundo passou a olhar com mais atenção para essas questões?
Nas últimas décadas, em função de várias crises no ambiente dos negócios e de desafios ambientais e sociais – regionais e globais – os temas vêm ganhando cada vez mais importância.

 

Além das atitudes sustentáveis comumente conhecidas – como usar papel de maneira consciente, colaborar com coleta seletiva e muitas outras – que ações praticadas pelos profissionais contribuem para a sustentabilidade empresarial?

Com relação aos indivíduos, um passo importante é calcular sua “pegada” ecológica individual, ou seja, entender o número de planetas necessários, caso todos os habitantes da terra tivessem o mesmo impacto. Esse exercício permitirá a cada um refletir sobre sua “pegada” e levantar perguntas sobre o impacto da organização onde trabalha.

 

Quais são os seus principais conselhos às organizações que desejam garantir o crescimento econômico sem impactar o meio ambiente e, em paralelo, estreitar o relacionamento com a sociedade?

Toda atividade humana gera algum tipo de impacto no meio ambiente e na sociedade. Um bom ponto de partida é a empresa conhecer melhor seu próprio negócio e como ele impacta e é impactado pela sociedade e pelo meio ambiente. Existem diversas ferramentas que podem ajudar as empresas. Os Indicadores Ethos podem ser muito úteis, assim como seguir padrões internacionais para relatar as atividades da empresa, como o da Global Reporting Initiative (GRI).

 

A responsabilidade social é uma preocupação cada vez mais presente nas corporações. Na sua opinião, qual é o papel das empresas e seus colaboradores nas questões que envolvem a sociedade e o meio ambiente?

As empresas existem para, simultaneamente, atender a demandas da sociedade e gerar retornos adequados para seus investidores. Nesse processo, devem se preocupar com a forma com que atuam, não gerando resultados financeiros positivos a qualquer custo.

 

A responsabilidade social está unicamente relacionada a cooperativas e instituições do terceiro setor (ONG’s)? Para uma organização, quais são os meios de promover a responsabilidade social?

Além de cumprir a regulamentação à qual está sujeita, toda entidade, cooperativas, ONGs, governos e empresas em geral, deveriam levar em conta os aspectos sociais e ambientais na estratégia e definição dos seus negócios e operações, rever o ciclo de vida de seus produtos e serviços, por exemplo.

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