2 de junho de 2014

Entrevista: Eduardo Najjar

Nas páginas do livro “Empresa Familiar – Construindo equipes vencedoras na família empresária”, estudos apontam que apenas 15% das empresas familiares conseguem passar o patrimônio para a terceira geração.

O autor da obra é o consultor Eduardo Najjar. Ele trabalha como “coach”, pesquisador e é professor especializado na área de Negócios Familiares. O profissional possui vasta experiência em grandes empresas e, atualmente, escreve sobre Gestão Familiar para o blog da revista Exame.

Nessa entrevista especial, ele fala sobre a importância do planejamento para a sucessão na empresa, como separar negócios e família, sobre a postura do gestor da companhia e muito mais. Confira!

No mercado, quais as principais vantagens e desvantagens ao criar uma empresa familiar?

Ônus e bônus estão em torno das ações de todas as pessoas, na sociedade, no mundo.  A empresa familiar deve superar a forma como o mercado a define. No Brasil e em todo mundo, existem inúmeras organizações familiares que superam os ônus e geram importantes ganhos para o mercado, para outras empresas e para os seus colaboradores.

Quais os principais desafios enfrentados na gestão de uma empresa familiar?

Os principais desafios não estão circunscritos à gestão da empresa familiar, mas à família empresária e ao negócio como um todo. Desafios como o processo de sucessão (na família e na empresa); desafios ligados ao posicionamento da empresa no mercado; desafios estratégicos relacionados com os produtos e os serviços oferecidos ao mercado; mas, principalmente, desafios relacionados à relação dos membros da família com o negócio: por exemplo, razão x emoção, paternalismo nas relações profissionais com os membros da família empresária, aplicação da meritocracia aos membros da família que participam da gestão dos negócios etc.

Em relação à gestão, existem diferenças entre uma empresa familiar e  a não familiar?

As exigências do mercado em relação à empresa familiar são idênticas às demais organizações.  Não deveriam existir diferenças, mas em minha experiência diária, encontro empresas familiares com um nível de gestão muito abaixo do desejável, longe de apresentarem as melhores práticas em áreas muito importantes como comercial, TI, gestão de pessoas, logística e atendimento aos clientes.

Qual a postura que o gestor de uma empresa familiar deve ter na hora de gerenciar uma equipe?

O fundador de uma empresa familiar é um empreendedor por excelência e não um especialista em gestão. O que me deixa intrigado é que, na maior parte dos casos, os filhos e netos do fundador não superaram os membros da 1ª geração quanto à competência na gestão dos negócios da família.  Falta-lhes a técnica que os levaria a ter equipes de excelência trabalhando para a empresa e o conhecimento que proporcionaria maior eficiência na gestão da companhia. É comum encontrar gestores, pertencentes à família que controla a organização, com dificuldades de atrair e reter talentos pela sua dificuldade em gerenciar corretamente, motivar os colaboradores e superar o desafio de aumentar suas competências profissionais.

Como separar negócios e família na gestão de uma companhia?

Não existe um formato único para superar essa importante questão. Cada família empresária precisa entender e discutir as necessidades e expectativas que estão presentes entre os membros da família. A questão principal está em torno da emoção que atinge as relações que se desenvolvem entre familiares em geral. Na empresa familiar, esse aspecto é de grande importância. Apesar de não existir um formato único, existem recursos, ferramentas e técnicas que apoiam a necessária segregação dos aspectos familiares. Entre eles, o protocolo familiar, as ferramentas de governança familiar e de governança corporativa.

Qual o melhor momento e a importância de se fazer um planejamento para a sucessão familiar?

Eu costumo dizer que o momento ideal é o presente. Os aspectos da família empresária que ficam sem ser discutidos durante décadas são os principais responsáveis pelos problemas que atingem a maior parte das empresas familiares. Os problemas são, quase sempre, de ordem jurídica e comportamental.

No mercado, existem dados sobre as empresas familiares. Quantas organizações existem no Brasil e quantas conseguem se consolidar no mercado?

Infelizmente, o Brasil carece de pesquisas em diversas áreas do conhecimento. Não é diferente no que diz respeito às empresas familiares.  Não sabemos quantas são as empresas familiares no país. A respeito das empresas conseguirem se consolidar, o principal problema que faz com que não consigam está ligado aos aspectos comportamentais e não unicamente aos aspectos econômico-financeiros.
 

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