Entrevista: Karina Oliani
Desafio é o que motiva a bicampeã brasileira de wakeboard Karina Oliani, de 32 anos. Em seus 19 anos de aventuras, a empresária, médica e apresentadora vivenciou expedições em 70 países. A vasta experiência se transformou em bagagem para ministrar palestras inspiradoras sobre negócios.
“Costumo comparar o mundo dos negócios com uma escalada na montanha: é preciso ter coragem para subir, não ter medo de cair, planejar estratégias e transformar os obstáculos em oportunidades para que assim, se chegue ao topo!”, afirma.
A seguir, Karina fala da paixão pelo seu trabalho, das principais lições profissionais advindas de suas experiências e dá a sua receita do sucesso. “Se você fizer algo que ama, com toda sua essência, será muito bem-sucedido!”, ensina.
Desde pequena você tem um grande fascínio por aventura. Com apenas 12 anos fez seu primeiro salto de paraquedas e concluiu o seu curso de mergulho autônomo. O que fez nascer em você essa paixão por atividades radicais?
Acredito que essa paixão já nasceu comigo. Difícil explicar, mas não conheço outra Karina! Sempre amei desafios e, conforme eu crescia, eles cresciam junto comigo. Meus pais contam que desde pequena eu já mostrava esse meu lado aventureiro de ser. Enquanto minhas irmãs brincavam dentro da casinha, eu estava escalando a casinha de bonecas! Parece loucura, mas eu amo me sentir desafiada, é o que me motiva.
Você é médica, empresária, bicampeã brasileira de wakeboard, piloto de helicóptero, apresentadora, produtora e palestrante. Você ama tudo o que faz? Para você, qual é a importância de trabalhar com o que se gosta?
Com certeza! Eu sei que essa vida que temos pode parecer longa, mas é rápida e passageira. Nosso tempo, além de limitado, é o bem mais precioso para qualquer ser vivo. Conciliar sua profissão com atividades nas quais você se identifica é fundamental para fazer a vida valer a pena. Todas as minhas profissões estão ligadas à aventura. A aventura está no centro da minha vida, seja da medicina, seja da televisão. Me especializei em medicina de resgate em áreas remotas pois, além de sentir a necessidade de salvar vidas, sabia que poderia estar me aventurando pelos lugares mais extremos do mundo. Quando se faz o que ama, você não trabalha! E acordar todas as manhãs sabendo disso faz todas as dificuldades de ter uma vida assim valer a pena. Pra mim, este é o segredo do sucesso. Se você fizer algo que ama, com toda sua essência, será muito bem-sucedido!
Na sua opinião, como a coragem pode influenciar a carreira profissional de alguém e a sua participação no mundo dos negócios?
Coragem faz com que não tenhamos medo de arriscar. E o medo, neste caso, deve ser um aliado. É preciso ouvi-lo. Ignorá-lo é irresponsabilidade. Mas não pode impedir a pessoa de realizar sonhos. É importante aprender a controlar e treinar os sentimentos para saber se o medo tem fundamento real ou se é só fruto de um descontrole. Costumo comparar o mundo dos negócios com uma escalada na montanha: é preciso ter coragem para subir, não ter medo de cair, planejar estratégias e transformar os obstáculos em oportunidades para que assim, se chegue ao topo!
Você é a única médica brasileira a deter o título de especialista em medicina de emergência e resgate em áreas remotas. Baseada na sua experiência pessoal, qual é a importância do pioneirismo na vida profissional e no cenário dos negócios?
Eu realmente espero não ser mais a única médica brasileira a deter este título. Meu objetivo maior é justamente trazer esse novo conceito médico para o Brasil e fazer com que ele ganhe força e popularidade para podermos, assim, ajudar e salvar o maior número possível de vidas. Foi por isso que em 2011 criamos a Associação Brasileira de Áreas Remotas e Medicina de Aventura. Acredito que ser pioneiro em algo é sair da zona de conforto em busca de novos desafios, é transformar algo em real mesmo sabendo dos riscos. Mas fizemos isso com um objetivo mais nobre que é o de ajudar as pessoas que, por opção, se aventuram em áreas mais remotas ou por aquelas que, pela profissão, trabalham em áreas afastadas dos centros urbanos, oferecendo atendimento médico a quem precisa.
Aos 32 anos, você já esteve em expedições e aventuras por 70 países. Quais foram as maiores lições que você vivenciou durante essas viagens e como essas experiências podem ser aplicadas ao universo corporativo?
A primeira delas seria uma lei da física, religiosa ou que a própria ciência já afirmou diversas vezes: “tudo o que fazemos, volta pra gente”. Essa é a única lei da qual não duvido. Você quer ter o bem, faça o bem! A próxima está atrelada a essa: respeitar o próximo, saber conviver com as diferenças e respeitá-las. Tanto na escalada, como na medicina, por exemplo, nunca estamos sozinhos e dependemos da cooperação do outro para seguir em frente. Já presenciei em uma escalada uma situação de individualismo que quase custou a vida do indivíduo, mas por sorte, seu grupo chegou para salvá-lo.
Você é piloto privado de helicóptero com licença da ANAC e pratica – ou já praticou – atividades cuja participação feminina pode ser considerada tímida frente à maioria masculina. O que a sua experiência diz quanto à igualdade de gêneros?
A cada dia a desigualdade entre os sexos se estreita. Claro que ela existe, mas hoje em dia é tão comum mulheres fazendo o trabalho que até então era só de homens e vice-versa. Como médica e atleta, não tenho dúvidas que a força física está na maioria das vezes com o sexo masculino. Mas existem muitas outras habilidades, que não sejam somente a força, que fazem um ser humano eficaz.
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