11 de julho de 2017

Entrevista: Pedro Janot – Superação pessoal para crescimento profissional

Entenda como a superação pessoal e o otimismo podem ajudar no crescimento profissional nesta entrevista com Pedro Janot

Pedro Barcellos Janot Marinho é formado pela Faculdade Cândido Mendes/RJ em Administração de Empresas, pós-graduado pela PUC/RJ em Recursos Humanos e possui MBA em negócios pelo IBMEC. Conhecido por transformar as empresas em que trabalha em grandes modelos de negócio, foi ele quem trouxe a grande marca de roupas europeia Zara para o Brasil e foi escolhido como o primeiro presidente-executivo da Azul Linhas Aéreas no país.

Em 2011, ainda quando presidia a companhia de aviação, Janot sofreu um acidente à cavalo e perdeu os movimentos dos braços e das pernas. Junto com as mudanças que a paralisia trouxe para sua vida pessoal, Pedro teve que se reinventar para prosseguir com sua carreira profissional. Atualmente, Pedro faz parte do Conselho da Azul Linhas Aéreas e é um dos palestrantes mais requisitados do Brasil.

Pedro Janot publicou um livro, Maestro de Voo, onde conta sua trajetória pela Azul Linhas Aéreas e relata como foi o acidente que o afastou da presidência da Companhia.

Em um bate-papo com o Transamerica Expo Center, Pedro Janot explicou como sua vida profissional era antes e depois do acidente e como a superação pessoal pode ajudar positivamente no crescimento profissional das pessoas. Acompanhe:

 

Você é reconhecido por ter transformado as empresas em que trabalhou em grandes modelos de negócio. Como seu modelo de gestão contribuiu para o crescimento das empresas em que esteve à frente?

A forma que eu sempre fiz minha gestão é reconhecendo que as pessoas são únicas dentro e fora da vida profissional, não ter agenda oculta, ter claramente os objetivos traçados e fazer com que um grupo de indivíduos ajudasse aos outros para conseguir chegar a este objetivo.

 

Quando você sofreu o acidente estava ajudando a Azul Linhas Aéreas a se consolidar no mercado brasileiro. Como foi estar à frente desta empresa que trouxe tantas inovações para o mercado de linhas aéreas brasileiro?

Na verdade eu estava construindo a Azul do zero. Foi uma experiência fora do normal, foi o momento em que eu pude aplicar toda a forma de gestão que estou acostumado a fazer, com um tempero a mais, que é criar uma cultura nova. Ou seja, pegar a soma de todos os empreendedores americanos com uma cultura empresarial americana, com hábitos diferentes dos nossos, e deixar a equipe trabalhar para criar um produto que fosse uma referência no mundo. E foi dessa maneira que construímos a maravilha que é a Azul.

 

Conte-nos um pouco sobre como você se sentiu ao descobrir após o acidente que teria algumas limitações.

O começo do acidente é dramático porque você está com a cabeça funcionando em um módulo de corpo. Esse corpo já não obedece às mesmas regras do antigo, e foi realmente muito extenuante, pois você não tem nenhum  movimento das pernas e nem das mãos. No começo não foi uma sensação de impotência, mas sim uma sensação de “o que vou fazer com essas limitações?”. Essa frustração aconteceu quando nós fizemos a fusão com a Trip e o corpo já não aguentava tanta demanda por parte da companhia, também por parte da fisioterapia. Aí você entra em um novo mundo em que as respostas vão surgindo de forma muito lenta, pois é uma adaptação muito difícil.

 

Quando passamos por um momento de mudanças tão drásticas e inesperadas, é normal nos sentirmos mal e negarmos nossa nova condição. Como você lidou com a aceitação da paralisia?

Você nunca aceita a paralisia total, nem parcial, nem nada. Você efetivamente tem que criar uma nova vida para poder continuar a viver, pois a vida é uma coisa preciosa que você não pode desperdiçar, mesmo estando em uma condição dessas. E eu continuei a viver, criei objetivos de régua bastante alta e avancei com as limitações que surgiram. A questão é: “avançando para onde?”, essa é a real questão.

 

Você se diz CEO da sua própria cura. Como é isso?

Da mesma maneira que eu fiz três start ups (Richard’s, Zara e Azul), eu tratei o meu acidente como o quarto start up, e este projeto parte do pressuposto que você tem que gerenciar a sua própria cura. Ninguém conhece você mais do que você próprio, seja a sua parte psicológica, seja sua parte física. Então, é preciso estudar, se aplicar, fazer com que todas as pessoas que estão te apoiando olhem para a mesma direção com o mesmo objetivo. Eu posso dizer que fiz um empreendimento chamado Cura do Pedro Janot. Minha família está estável, meus funcionários gostam de mim e gostam do que fazem, estão sempre junto comigo – entendendo o propósito que nós estamos juntos e entendendo para onde estamos indo de acordo com meu momento.

 

Como foi para você ter que se readaptar ao mercado de trabalho?

Isso aconteceu dois anos depois, quando eu lancei meu livro, “Maestro de Voo”, e eu achava que a única que eu poderia fazer era ser palestrante. Eu descobri no meio do caminho que tenho um conhecimento tão poderoso que eu acabei indo para a área de consultoria. Hoje eu estou prestando consultoria, pois o meu corpo não resiste a todas as demandas de um executivo que precisa fazer reuniões com muitas pessoas e viajar o tempo todo. Atualmente estou focado dando conselhos de administração, seja para empresas de capital aberto ou empresas fechadas, e também realizo trabalhos de mentoria. É a área onde eu posso colocar minha história, meu cérebro e minha experiência a serviço de quem precisa sem demandar o que meu corpo não pode dar.

 

Como as pessoas podem usar as mudanças que a princípio parecem ser negativas para saírem daquela vida estagnada e alcançarem o crescimento pessoal e profissional?

O meu acidente foi um grande evento na minha vida, portanto ficou muito em foco. Mas no fundo, ao longo da nossa vida temos muitas isquemias (ou coisas negativas) que poderiam nos ajudar a fazer várias correções em nossa caminhada. O que eu tive foi um grande acidente.

A primeira coisa é compreender que nosso aprendizado é contínuo. A segunda coisa é ter otimismo, se você não for otimista não chegará a lugar algum, mesmo estando “normal”. Então cabe a você buscar a fonte de abastecer a sua vontade de se desenvolver, criando sonhos, estudando para alcançar estes sonhos, se preparando, se relacionando com pessoas e criando um ambiente que faça um grande somatório. Apenas dessa maneira você vai desenvolver.

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