19 de setembro de 2017

Entrevista: Rubinho Louzada – Ator, palhaço e bonequeiro

No dia 19 de setembro é comemorado o Dia do Teatro, data bastante significativa no mundo da arte. A rotina corrida, muitas vezes sofrida e extremamente competitiva destes atores, diretores e figurinistas muitas vezes passa despercebida quando nos sentamos confortavelmente em um teatro para assistir a uma peça, mas eles merecem o reconhecimento e os aplausos ao final do espetáculo.

A Cia. Bonecos Urbanos, localizada na cidade de São Paulo, realiza espetáculos teatrais para os mais diversos públicos, sempre com o auxílio de bonecos produzidos pelo próprio grupo. A equipe do Transamerica Expo Center teve a oportunidade de conversar sobre o tema com um dos idealizadores do grupo, Rubinho Louzada, e você confere a seguir o nosso papo.

 

Alguma experiência sua já possibilitou ver o teatro mudar a vida de alguém?

Fora a minha vida, onde poderia ter virado estatística? Sim, já tive muitas oportunidades de ver o teatro mudar a vida de pessoas diversas. Amigos, professores, alunos que participaram de projetos e oficinas do grupo. Desde pequenos relatos como uma mãe que disse que sua filha nunca mais jogou um papel de bala no chão, após ver uma apresentação nossa; professoras que mudaram o ritmo de comunidades através do pouco que passamos em uma oficina, até alunos que hoje tem seus próprios trabalhos e grupos, participando de programas de TV e mostrando sua arte pelo Brasil afora.

 

Como é diferenciar os públicos (infantil e adulto) nas apresentações? Os projetos para cada nicho são criados de que maneira?

A meu ver o que diferencia o público e a criação de um trabalho adulto e infantil é a forma de abordagem do tema dentro de cada projeto. É lógico que devemos ter um cuidado redobrado na abordagem de certos temas para o público infantil, mas procuramos nunca subestimar a inteligência da criança. E mesmo abordando um tema mais infantil, sempre levamos em conta que junto com elas existe um adulto que as leva ao teatro, e sendo assim o espetáculo tem que ser interessante também para os pais e adultos que as acompanham.

 

A carreira no teatro é repleta de superações e barreiras a superar. Você pode citar batalhas que você já lutou nesse ramo?

São tantas as superações e barreiras que fica até difícil de elencar. Mas sempre procuramos de alguma forma lutar por melhores condições de contratação, nossos projetos sempre tem em seu conteúdo a “Formação de Público”; participamos de diversas lutas para aprovações de leis e políticas públicas, como algumas mobilizações para aprovação da “Lei de Fomento ao Teatro”; fizemos parte da fundação do “MTR – Movimento de Teatro de Rua de São Paulo”, eu fiz parte da diretoria da Cooperativa Paulista de Teatro, onde elaborei junto à diretoria fóruns e encontros de debates em geral; e assim seguimos até hoje (20 anos de grupo) lutando e enfrentando barreiras e superações. Matar um “leão” por dia e ainda ter que desviar das “antas” pelo caminho… é uma coisa que faz parte da vida.

 

Quem é o Rubinho ator, o Rubinho palhaço e o Rubinho bonequeiro?

É um ator em eterno aprendizado, um Palhaço amante do Circo e toda sua simplicidade e alegria e um bonequeiro que procura dar vida aos sonhos e ao imaginário.

 

Como você faz para separar a vida profissional corrida da vida pessoal?

Não separo, deixo acontecer de forma bem natural. Eu acho que ser artista é um pouco diferente de se ter outra profissão, pois nós não saímos de nosso trabalho, nós vivemos nosso trabalho. Cada bate-papo, cada encontro, cada briga acaba se transformando em inspiração, ideias, sentimentos que refletem diretamente em nosso “trabalho da vida”.

 

Qual a mensagem que você deixa para o público no Dia do Teatro?

Nossa vida tem que ser temperada de emoções; alegria, tristeza, beleza, grotesco, amor, raiva, e a arte tem exatamente como um de seus objetivos proporcionar essas emoções. O teatro é uma arte viva em eterna adaptação e transformação, todas essas emoções estão ali, prontas para serem vividas entre os atores e o público, prontas para “temperarem” nossas vidas. Não deixe de vivê-las!

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