Entrevista: Yuri Utida – Profissional de Coaching
A carreira como coaching tem ganhado cada vez mais destaque e despertado o interesse de muitas pessoas. A principal função de um coach é guiar e incentivar o desenvolvimento pessoal, mas, para isso, ele precisa reunir uma série de habilidades. Um bom profissional de coaching deve, por exemplo, falar bem em público e ser autêntico.
Para entendermos mais sobre essa carreira, conversamos com o coach Yuri Utida. Ele é um empreendedor com mais de 15 anos de experiência que resolveu aposentar-se da sua empresa aos 33 anos de idade para focar no desenvolvimento de pessoas por meio de suas palestras e conteúdo nas redes sociais. Confira!
Como você se tornou um profissional de coaching e como foi o processo para ganhar confiança para falar com o público?
Eu iniciei depois de fazer uma formação sem o intuito de trabalhar na área de coaching. A minha intenção era me autodesenvolver, me conhecer melhor e ter ferramentas para lidar com as minhas emoções e performance no meu trabalho. Eu já tinha passado por três processos como cliente e me descobri no coaching. Eu me apaixonei por essa área. Foi justamente como Mark Twain diz, que existem dois grandes dias na vida de um homem: o dia que ele nasce e o dia em que ele descobre o porquê. Depois, comecei a gerar conteúdo, a prestar atendimentos e as pessoas começaram a me pedir para fazer palestras. No começo, eu era professor de inglês e abri a minha primeira empresa, aos 20 anos, como um franqueado da rede Wizard. Durante 13 anos, administrei a escola e fui treinando a minha capacidade de treinar pessoas e de falar em público. Acredite ou não, durante muito tempo, eu fui absurdamente tímido e inseguro.
Em seu conteúdo nas redes sociais e palestras, você trata de temas como propósito, desenvolvimento pessoal, disciplina e motivação. Qual desses assuntos costuma chamar mais atenção do público?
Depende muito do público. Em públicos menos trabalhados, que investiram menos tempo em autodesenvolvimento, o tema “motivação” chama bastante a atenção. “Propósito” também é um tema que as pessoas estão buscando cada vez mais. Trata-se de procurar um significado para as coisas, de não fazer as coisas só por dinheiro, mas sim de ganhar uma boa grana fazendo coisas que tenham sentido e um significado maior para si e para quem estiver ao redor. Hoje, empresas de bebida e cigarro sentem dificuldade em recrutar, pois o que elas produzem, muitas vezes, vai contra princípios pessoais. Então, o tema “propósito” tem dado muito resultado porque quando você atribui um propósito a uma equipe, as pessoas deixam de ser só mão de obra. Elas passam a ter uma missão muito maior dentro da empresa. Certa vez perguntaram a dois pedreiros na Sagrada Família, em Barcelona, o que eles estavam fazendo. Um deles respondeu que estava sendo pedreiro. Já o outro, disse que ele fazia parte de uma missão maior de conectar as pessoas com o divino. Então, é a mesma atividade com propósitos completamente diferentes.
Além da autoconfiança, um palestrante precisa saber improvisar e lidar com situações inesperadas. Durante alguma de suas apresentações você já viveu algo inusitado?
Várias situações já aconteceram. Desde cantadas de pessoas que estavam na palestra até coisas mais delicadas. Eu faço uma dinâmica para ajudar as pessoas a encontrarem o propósito delas, usando o que elas amam e o que fazem de melhor. Uma vez, em uma dessas dinâmicas, uma mulher se levantou, agradeceu e falou “eu gosto muito do que eu faço, sou boa nisso e me pagam muito bem”. E aí, eu falei “legal, mas você não disse o que você faz”. Ela respondeu: “eu faço programa, sou muito feliz fazendo isso, pois sou paga para fazer a vida das pessoas melhor”. Depois disso, a reação do público foi de choque e eu precisei ter jogo de cintura para evitar qualquer situação preconceituosa ou ofensiva. Foi um episódio que me marcou.
Qual é o benefício da mentoria para empresários e colaboradores? Você poderia contar algum caso de sucesso?
Os benefícios são absurdamente infinitos. Recentemente, realizei encontro com 20 empreendedores de empresas, ramos e tamanhos diferentes. Lá, eles tiveram a chance de trocar experiências e valores de negócio. Eu gosto de dizer que a gente evoluiu 500 anos em 2 dias, pois temos 20 pessoas com cerca de 30 anos de experiência empreendedora. Então, em uma dinâmica de 20 minutos, as pessoas saíram, em média, com 12 anotações. Teve o caso de um empresário que saiu com 17 anotações de mudanças que ele poderia implementar na empresa dele. No primeiro dia útil após o encontro, ele me mandou a seguinte mensagem: “Hoje tentaram apagar a minha fogueira logo cedo, mas a minha chama está tão forte pelo poder do grupo e das coisas que eu aprendi que eles não têm noção da usina nuclear que eu me tornei”. São benefícios assim que as pessoas incorporam e é algo impagável. Nada paga todo o feedback positivo que eu sempre recebo.
O mercado de palestras teve um crescimento significativo no Brasil. Como você avalia esse segmento?
Isso mostra que as pessoas estão buscando crescimento e evolução. Eu entendo que, como em qualquer mercado, quando abre-se uma porteira muito grande e vulgariza-se algum serviço, vai entrar gente de todo tipo: umas muito boas e outras nem tanto. Além disso, há quem reclame “ah, tem muito coach, tem muito palestrante”, mas é porque se trata de um mercado novo. Tem muitos dentistas, tem muitos médicos, mas, por serem mercados sólidos, as pessoas não falam tanto a respeito. Quem é bom e faz a coisa com real propósito, consistência e amor vai permanecer e se destacar no mercado.
Por que ser profissional de coaching é gratificante? Quais conselhos você daria para alguém que deseja iniciar na carreira?
É gratificante porque existem coisas que a gente vê, ouve e aprende diariamente que dinheiro nenhum paga. O coach ajuda as pessoas a encontrarem respostas que elas não percebiam que podiam estar dentro delas mesmas. Para isso, elas só precisavam de um guia competente e treinado. Eu já vi relacionamentos fantásticos retomarem os eixos, empresas paradas mudarem completamente sua cultura e visão, gente endividada voltar ao estado que queria. As pessoas, obviamente, ficam muito felizes e gratas com essas conquistas. Para quem quiser começar na carreira e ter mais resultados nas redes digitais, além do profissionalismo técnico (som, imagem e texto), o fator determinante é a autenticidade. Hoje, o Youtube está crescendo muito mais do que a televisão porque por meio dele eu me conecto com uma pessoa de verdade. Muitas vezes, ela não tem uma grande produção por trás. Ela não é a Globo. Ela é simplesmente uma pessoa com uma câmera e muito boa vontade passando uma mensagem que é real. Muitas vezes, me encontram e falam “nossa, você é igualzinho no Youtube” e, de fato, eu sou a mesma pessoa. Eu não estou ali fazendo um personagem.
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