26 de fevereiro de 2013

Mercado hoteleiro de São Paulo: pronto para grandes eventos

A cidade de São Paulo tem 42 mil quartos e cerca de 400 hotéis de vários portes. Segundo o vice-presidente de Assuntos Turísticos e Imobiliários do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Caio Calfat, o mercado hoteleiro da capital está em expansão e em fase de profissionalização. Para ele, a cidade sempre esteve pronta para receber grandes eventos e milhares de turistas.  Conheça um pouco mais sobre esse mercado que deve crescer cada vez mais nos próximos anos nessa entrevista especial.

Qual a atual estrutura do setor hoteleiro de São Paulo, quantos hotéis e apartamentos a capital têm disponível para receber os turistas?

A cidade de São Paulo tem 42 mil quartos de hotel em cerca de 400 hotéis de todos os portes, sendo que 2/3 desta oferta é relativamente nova, construída a partir de 1994, e são administradas por redes hoteleiras. Em quantidade e em qualidade, São Paulo tem a melhor e a mais preparada rede hoteleira do País.

Sobre os próximos anos, qual a expectativa de crescimento do mercado de hotéis em São Paulo?

A nossa expectativa é que 12 hotéis, no formato de condo-hotéis, sejam construídos e inaugurados em até três anos, incluindo os dois que já estão em construção. Isso significa que a cidade ganhará entre 3 mil e 3,5 mil quartos de hotel.

Em relação aos eventos que São Paulo recebe todo o ano, como eles ajudam a aquecer o mercado na capital?

Eles são fundamentais. A cidade de São Paulo promove cerca de 90 mil eventos por ano, isso representa que, a cada 6 minutos, começa um novo evento. São Paulo ocupa o 7º lugar entre as cidades que mais promovem eventos internacionais no mundo e deve assumir a 6ª posição este ano. Só não ocorrem mais eventos na cidade por falta de espaços profissionais adequados.

A Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 devem movimentar vários setores no Brasil. Qual a importância desses grandes eventos para o setor hoteleiro?

O setor hoteleiro está sendo beneficiado pelos dois eventos porque forçosamente está ocorrendo uma seleção natural por meio da renovação da rede hoteleira brasileira – tanto com a construção de hotéis novos como com a reforma dos antigos, aumentando a quantidade de bons hotéis no Brasil.

Como o mercado hoteleiro de São Paulo vem se preparando para esses grandes eventos? Em relação à estrutura, os hotéis estão preparados?

É um setor em processo de profissionalização. O parque formado por redes hoteleiras representa menos de 10% dos hotéis do Brasil, entretanto já representa 25% dos quartos de hotéis. Esse processo caminha rapidamente para uma predominância de redes hoteleiras como é nas principais cidades de economia avançada do mundo, como Nova York. Nos EUA, 70% dos hotéis são de rede. No Brasil, caminhamos para isso.

Em relação à profissionalização, estamos caminhando tanto para produtos (hotéis profissionais) como para serviços (treinamento por meio das redes hoteleiras e entidades que representam o setor, instituições sem fins lucrativos, secretarias públicas etc)

Nas principais capitais está havendo renovação hoteleira, incluindo as cidades-sede da Copa.

Em relação a hotéis de lazer, o país está passando por estagnação pós-crise de 2008, já que os clientes principais, que eram os europeus, deixaram de vir tanto por causa da crise na Europa como pelo problema do câmbio. Quanto menor a diferença cambial, mais caro é o Brasil para o europeu, que acaba escolhendo destinos mais baratos.

Com a ascensão social do brasileiro, acabou-se descobrindo um novo público, o interno, que não substituiu o europeu na qualidade, mas pelo menos em quantidade. O brasileiro gasta menos que o europeu.

No geral, sim, os hotéis estão preparados para receber esses grandes eventos devido a essa renovação já mencionada, tanto em quantidade como em qualidade.

A nosso ver, os hotéis são os menores problemas que teremos na Copa. Há problemas muito mais sérios e de difícil execução como a mobilidade urbana, qualidade dos aeroportos e estádios.

O setor assumiu compromisso de controlar as tarifas para a Copa e as Olimpíadas. Como você vê esse assunto? As tarifas mais altas podem prejudicar o setor e a imagem do Brasil nesses grandes eventos?

Em nossa opinião, as tarifas não devem ser controladas, o que deve orientar as tarifas é o mercado (oferta e procura). Até onde sabemos, as tarifas não foram controladas em outras Copas do Mundo e São Paulo está acostumada a grandes eventos, abriga uma “copa do mundo” todo mês em quantidade de turistas, pois temos recebido 11 milhões de turistas por ano. Durante a Copa, está previsto que a cidade receba 1 milhão de turistas e nunca houve necessidade de tabelamento de tarifas. Estamos acostumados a sediar eventos internacionais de grande porte, pois São Paulo está entre as sete cidades que mais promove grandes eventos no mundo. Há público para todos os padrões de hotéis, haverá concorrência grande durante a Copa e é evidente que as tarifas serão mais elevadas, assim como ocorreu em outros países, como França, Alemanha (Copas do Mundo de 1998 e 2006, respectivamente) e Inglaterra (Londres, Jogos Olímpicos de 2012), eventos que coincidiram com as férias de verão europeu. Tarifas mais altas fazem parte de qualquer grande evento, seguramente não prejudicará o setor hoteleiro brasileiro.

Há outro fato que devemos levar em conta: o exemplo do que ocorreu na França e Alemanha, por exemplo, um grande número de viagens de negócios e eventos que normalmente ocorrem nesta época serão antecipadas, transferidas ou mesmo canceladas, devido à concorrência com a Copa e a alta de todos os gastos neste período: transportes, hospedagem, alimentação, compras, entretenimento etc. Com isso, mesmo havendo os turistas da Copa, é possível que as taxas de ocupação dos hotéis diminuam, fato que pode induzir os hotéis a não elevarem tanto suas tarifas.

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